Conferência Internacional Contra-Imagem 2024

21/12/2023 15:38

Cultura Visual e Pensamento Ecológico: re-imaginar as relações no mundo

 

7, 8 e 9 de Agosto de 2024

Centro de Filosofia e Ciências Humanas
UFSC Florianópolis, Brasil

 

https://counter-image.fcsh.unl.pt/PT/index.html

“Não se trata mais de retomar ou de transformar um sistema de produção, mas de abandonar a produção como único princípio de relação com o mundo. Não se trata de revolução, mas de dissolução, pixel por pixel. (…) Após cem anos de um socialismo que se limitou a pensar a redistribuição dos benefícios da economia, talvez seja o momento de inventar um socialismo que conteste a própria produção. É que a injustiça não se limita apenas à redistribuição dos frutos do progresso, mas à própria maneira de fazer o planeta produzir frutos. (…) Contra a repetição de tudo exatamente como era antes [da pandemia covid 19].”

Bruno Latour, Onde aterrar? (2020, s/ paginação)

“Um território não é apenas um pedaço ou vastidão de terras. Um território traz marcas de séculos, de cultura, de tradições. É um espaço verdadeiramente ético, não é apenas um espaço físico como muitos políticos querem impor. Território é quase sinônimo de ética e dignidade. Território é vida, é biodiversidade, é um conjunto de elementos que compõem e legitimam a existência indígena. Território é cosmologia que passa inclusive pela ancestralidade.”

Eliane POTIGUARA, Metade cara, metade máscara ( 2004, p. 105)

As palavras de Bruno Latour sobre a necessidade de abandonarmos por completo o modo de relação com o mundo assente em lógicas de acumulação, de monocultura e de extrativismo, bem como as palavras de Eliane Potiguara sobre o conceito de território são os pontos de partida para o debate que queremos lançar, no campo da imagem e da visualidade, na terceira edição da Counter-Image, em Florianópolis, no Brasil.

Inspirado pela paragem globalizada da maioria dos humanos durante a pandemia de Covid 19, com as imediatas melhorias ambientais sentidas no sistema de vida da Terra – na qualidade das águas, do ar, na diminuição dos níveis de ruído, no aumento do número de seres de diversas espécies – Latour propõe um “regresso à Terra” que não repita os mesmos erros das sociedades ocidentais industrializadas, que é o lugar de onde falamos, e que é responsável pelo modo de vida que ameaça a Terra como suporte de vida. Precisamente, a partir de outro lugar, a partir do mundo indígena que ainda resiste, fala-nos também Eliane Potiguara para contestar, na citação em cima, a concepção ocidental de território que o reduz a mero espaço físico e suporte de recursos materiais. A escritora e investigadora do povo Potiguara, sublinha a dimensão cosmológica de território, lugar da biodiversidade e ancestralidade, numa concepção que não separa humanos dos outros existentes (incluindo aí montanhas e rios que nas epistemologias ocidentais estão fora do vivo).

Uma vez que manter-nos fechados em casa não é solução, urge pensar essas outras abordagens. A crise ecológica tornou-se a questão política premente da atualidade. Como é que as imagens e as representações afetaram/produziram as ideias de ambiente? Como pode a visualidade contribuir para forjar novas epistemologias e ideias sobre ecologia?

Veja aqui o texto completo da Chamada de Trabalhos.

 

https://counter-image.fcsh.unl.pt/PT/index.html#propostas